R$ 160 mil a R$ 180 mil. Os carros
híbridos, apesar de mais econômicos
em média, mantêm valores acima de
três dígitos. Em entrevista à revista
Época Negócios, Bruno Falcão, ge-
rente da Accenture Strategy, afirmou
que a maior adoção depende direta-
mente da indústria automobilística,
que fará a transição da produção; da
maior oferta de postos de recarga da
bateria; e da viabilização de fontes de
energias renováveis combinando eta-
nol e biocombustível.
Os obstáculos também estão na alí-
quota do IPI, que é de 25%, contra 13%
dos híbridos e 7% para os flex, com
eficiência energética inferior. Até o
momento, os únicos incentivos gover-
namentais são a isenção do imposto
de importação, e, na capital paulista, a
isenção do rodízio municipal e o des-
conto de 25% no IPVA para automó-
veis com valor de até R$ 150 mil.
Em relação ao consumo, as van-
tagens financeiras desses novos
modelos são inegáveis. Consideran-
do que cada litro da gasolina custa
aproximadamente R$ 2,60, um carro
com consumo médio de 10 km/litro,
ao percorrer 120 km, irá gastar um
total de R$ 31,20. Agora, com o cus-
to médio de R$ 0,29 por kWh e um
rendimento de 11 km/kWh, um carro
elétrico gastaria apenas R$ 3,20 para
percorrer o mesmo trajeto. Outro es-
tudo da CPFL Energia mostrou que o
gasto por quilômetro rodado de um
carro a combustão é de R$ 0,31, con-
tra R$ 0,11 do elétrico.
“A redução de emissões de gases
poluentes, aliada ao uso mais eficien-
te e econômico do veículo, torna im-
perativa a adoção efetiva dos carros
elétricos. Mas quando esperávamos
ver avanços substanciais na regula-
mentação desse modelo, ainda con-
vivemos com discussões sobre o fa-
rol baixo nas estradas e um governo
defasado nos debates sobre o tema”,
critica Marcelo Cioffi, sócio e líder na
área automotiva da PwC. Como pa-
râmetro, o especialista menciona o
exemplo da Alemanha, que já oficia-
lizou 2030 como o último ano de libe-
ração da venda de veículos a combus-
tão e 2050 como prazo-limite para
circulação no país.
MOTORES LIGADOS?
A despeito das dificuldades, o Brasil
é tido como um polo estratégico para
a expansão dessa modalidade. Du-
rante o Salão de Detroit realizado no
início do ano, o presidente da General
Motors no Mercosul, Carlos Zarlen-
ga, confirmou o lançamento do hatch
elétrico Chevrolet Bolt já em 2019.
“Queremos ser líderes nesse proces-
so de eletrificação veicular”, destacou
o executivo. “Não é um projeto de ci-
ências, algo experimental. Fiquei um
mês rodando com o modelo em São
Paulo e funciona. A eletrificação não é
inalcançável, e não terá o preço de um
Camaro”, complementou.
O presidente da Toyota no país, Ra-
fael Chang, também estuda a possi-
bilidade de viabilizar um carro elétrico
em solo nacional, tanto que decidiu
abrir um terceiro turno de operações.
Somente essa medida eleva o nível de
produção de 108 mil para 160 mil uni-
dades por ano. Uma startup de Santa
Catarina criou, no município de Palho-
ça, um protótipo e já planeja um veícu-
lo urbano capaz de fazer até 100 km
com uma carga de bateria. No âmbito
mundial, a Daimler destinou um apor-
te de € 500 milhões (cerca de R$ 2,1
bilhões) para iniciar a fabricação de um
compacto elétrico Mercedes-Benz,
como parte de um plano de incorporar
dez veículos do gênero para bater de
frente com a rival Tesla.
Ainda mais acelerada, a chinesa
Zotye prevê para outubro o início das
vendas dos importados E200 e Z500
EV, com 100% de propulsão elétrica.
O anúncio veio logo depois de confir-
mada a instalação de uma fábrica da
marca em Goianésia, no interior de
Goiás. O desempenho do E200, com
autonomia aproximada de 250 quilô-
metros e velocidade máxima de 140
km/h, impressiona. Os veículos já es-
tão em testes e com processo de ho-
mologação em andamento.
Em contraposição a esse movimen-
to, a PSA Peugeot Citröen sustenta
uma visão crítica sobre o tema, mes-
mo com projetos de lançamentos.
Em entrevista ao
Valor Econômico
, o
presidente mundial Carlos Tavares
acredita que nem indústrias nem go-
vernos têm respostas para uma série
de questões. O executivo prevê que,
MARCELO CIOFFI
DA PWC, ENXERGA AS LOCADORAS
COM PAPEL DETERMINANTE PARA
DEMOCRATIZAR O ACESSO AO
CARRO ELÉTRICO
REVISTA
SINDLOC
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