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REVISTA
SINDLOC SP
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REVISTA
SINDLOC SP
LOCADORAS PRECISAM
SIMPLIFICARPROCESSOS
FRENTEÀMOBILIDADE
O
segmento de transporte e mo-
bilidade vem evoluindo a pas-
sos largos nos últimos anos.
Para fazer frente a esse novo contex-
to, as locadoras de veículos precisam
se reinventar. Para Marcelo Pereira,
head
da Service Line de Quality Mea-
surement da Ipsos, o primeiro passo
está na simplificação dos processos
de cadastro, na retirada e entrega do
automóvel. Explorar outros nichos de
mercado que estão surgindo também
é o momento ideal.
Como o setor avalia o
comportamento do
consumidor?
Um primeiro movimento que co-
meçamos a identificar no mercado é
que a visão do cliente está um pouco
mais segmentada, muito em razão da
evolução que tem ocorrido na mobili-
dade urbana, advinda dos patinetes,
bicicletas e outros veículos comparti-
lhados. Esse setor passou a ser tam-
bém um concorrente no mercado de
vendas diretas. Quando se analisa esse
segmento de transporte, como o Uber,
estamos falando de um dos maiores
empregadores da atualidade. Em uma
de nossas pesquisas, quando questio-
namos a população sobre qual serviço
de mobilidade rápida e fácil que lhes
vem à cabeça, a Uber automaticamen-
te vem em primeiro lugar, seguido do
99 Taxi e do Cabify.
outros serviços, o transporte público foi o campeão, com
55% dos votos, seguido de 47% dos táxis, 43% dos veículos
próprios e 27% das locadoras.
O que atrai tantos jovens esses
novos meios de mobilidade?
Quando olhamos um pouco todo esse movimento, o que
se percebe é que a mobilidade vem quebrando o modelo
tradicional de transporte. Eles entregam benefícios que são
importantes ao cliente: um carro confortável, com ar-condi-
cionado que funcione muito bem e que tenha um sistema de
navegação e conectividade acessíveis.
No que as empresas estão inovando
para fazer frente a essa concorrência?
Elas começam a pôr na mesa a necessidade de disponi-
bilizar veículos mais otimizados de acordo com as necessi-
dades do cliente. As montadoras entenderem isso como um
sinal do que elas precisam fazer para se adaptar, a fim de
manter o seu negócio, com rentabilidade. Não de trata ape-
nas uma briga por preço.
Por outro lado, as locadoras tendem a buscar alternati-
vas que envolvam aluguel de veículos de prazos curtos, fim
de semana, com o carro posicionado em áreas mais práticas
em rodoviárias e aeroportos, com preços atrativos. Hoje, é
muito tradicional ir a uma loja preencher a documentação,
tirar uma cópia da carteira de motorista, para só depois dis-
so poder pegar um veículo de locação. Esse modelo tem que
ser adaptado urgentemente para ter a mesma velocidade, ou
que leve um tempo muito próximo aos oferecidos pelos apli-
cativos de transporte ou compartilhamento.
Tem que ser feito de forma que o cliente possa se ca-
dastrar previamente, deixar todos os seus dados salvos e, a
partir daí, habilitar uma nova locação onde ele possa chegar
é já pegar o carro. Algumas locadoras já estão trabalhando
nesse sentido. O maior desafio será como dar velocidade ao
processo de contratação do serviço e devolução do veículo,
sem que exista uma área predefinida – isto é, o cliente dei-
xa o carro numa área qualquer e, depois, alguém efetua uma
nova locação, tal como ocorre com as bicicletas e patinetes.
Como o senhor vê esse movimento das
montadoras entrando no mercado de locação?
Uma das perguntas que fazemos emnossas pesquisas é:
“Quais os tipos de empresas estão engajadas emmobilidade
no futuro e que o usurário confia?” – 80% afirmaramque esta
questão de mobilidade virá dos fabricantes de veículos, ou
seja, vem das montadoras a locomotiva para a mudança. Ve-
mos esse movimento na Toyota recentemente e, há alguns
anos, na Peugeot. Isso também não deixa de ser uma grande
oportunidade para o mercado de locação, ou seja, atuar na
gestão da frota com a logomarca da montadora, mas com o
suporte de uma grande locadora por trás. As locadoras de-
vem se aproximar das montadoras para fazer parcerias, uma
vez que têm o
know-how
que a indústria não possui.
O que ainda é tendência no mercado de
mobilidade e transporte?
Ainda há uma grande defasagem no Brasil em rela-
ção aos veículos elétricos e híbridos. Para vingar, é preciso
trabalhar na ampliação de eletropostos assim como nos
incentivos para fabricação. Outro movimento está muito
mais distante que é o veículo autônomo.
n
Cadastro por aplicativo e facilidade na
entrega de veículos seriam soluções viáveis
Foto: Divulgação
QUEM:
Marcelo Pereira
DETALHE:
Head
da Service Line de Quality Measu-
rement da Ipsos no Brasil. Responsável pela área de
avaliação da qualidade de serviços e produtos, o exe-
cutivo está à frente do time que comanda os estudos
sindicalizados de Comportamento de Compra do Con-
sumidor, Satisfação para com o processo de Vendas
e Pós-Vendas e para com a Qualidade do Produto.
Com 23 anos de experiência na indústria automoti-
va, sendo 20 deles na Renault, Pereira tem uma tra-
jetória profissional focada em qualidade, pós-venda,
distribuição,
supply chain
e logística. Em sua última
experiência, ele ocupou o cargo de General Manager of
Customer Intelligence & Service na PSA.
Quais os fatores responsáveis
pela grande adesão desses
novos meios de transporte?
As empresas de transporte por
aplicativo têm um apelo muito forte
por causa do baixo custo e da facilidade
de utilização do app. Por isso, 49% dos
usuários responderam que preferem a
praticidade oferecida pelos aplicativos
de transporte a um custo acessível em
relação aos gastos de manutenção de
um veículo próprio. E 41% dos entrevis-
tados informaram que utilizam ou já
utilizaram regularmente o serviço.
quanto isso afeta o setor
de locação de veículos?
Em nossas pesquisas de mercado,
quando perguntamos quanto o usuá-
rio imagina que esses meios de mobi-
lidade vão impactar outros segmentos
do ramo, o táxi é o que seria o mais im-
pactado, com 65% das respostas. Em
seguida vem o veículo próprio (45%),
cuja tendência é de continuar a perder
espaço. As empresas de locação estão
sendo impactadas somente para 18%
da população.
Que outros meios de transporte
estão desabrochando?
Outro modelo de mobilidade que
vem ganhando espaço é o
car sharing
,
mas com um pouco mais de dificulda-
de de implementação por falta de co-
nhecimento da população. Só 15% têm
conhecimento mais próximo e ape-
nas 1% afirmou que já fizeram uso do
serviço. O que falta agora é ampliar a
divulgação junto ao consumidor, num
universo em que 40% das pessoas
desconhecem como o serviço funcio-
na, principalmente na questão de dis-
ponibilidade da frota.
Quais os empecilhos
para a viabilidade
do compartilhamento
de carros no Brasil?
O
car sharing
tem muito espaço
para crescer, mas para isso precisa
transpor algumas barreiras. Uma de-
las é o tempo limite de deslocamento
que o usuário precisa gastar para ir ao
local onde está o carro. A média mun-
dial é de seis minutos e meio. No Brasil,
como não há essa previsão de disponi-
bilidade, os usuários não têm paciência
de esperar e optam por buscar outras
formas de transporte como o Uber. A
resposta precisa ser mais rápida. O
brasileiro se desloca no máximo dez
minutos para encontrar um carro.
Qual o perfil de usuário dos
novos serviços de mobilidade?
As pessoas mais engajadas estão
na faixa dos 18 aos 35 anos, que con-
sideram quesitos como segurança,
praticidade e limpeza como algo po-
sitivo no
car sharing
. Na pesquisa, so-
bre quanto o compartilhamento afeta




