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SINDLOC
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P
ara locadoras dispostas a encontrar um novo ni-
cho e ganhar competitividade, a resposta pode
estar em duas rodas. Após seis anos consecuti-
vos de queda, o mercado de motocicletas não só voltou
a acelerar como vem registrando crescimento de dois
dígitos desde 2018. Embora a categoria ainda apresen-
te baixa oferta na indústria de aluguel de veículos, o se-
tor já lança olhares redobrados para esse filão.
Em2011, as vendas ao varejo registraram recorde de
1,94 milhão de unidades, um crescimento de 7,6% frente
ao ano anterior. Desde então, o segmento só amargou
perdas até despencar para 851 mil emplacamentos em
2017, com direito a uma queda meteórica de 26,5% em
2016. No ano passado, a curva inverteu e a comercializa-
ção de 940mil motocicletas representou um incremento
de 10,5%, mesmo sob os impactos da paralisação nacio-
nal dos caminhoneiros em maio. Segundo o Denatran, a
frota circulante totaliza 27,1 milhões no país, sendo que
o estado de São Paulo representa 21% – 5,6 milhões.
As linhas de produção acompanharam o viés de alta.
De janeiro a dezembro de 2018 foram fabricadas 1,04
milhão de unidades, um índice 17,4% acima dos 12 me-
ses anteriores. Os números são da Associação Brasi-
leira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores,
Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo). “O resul-
tado claramente reflete o aumento da oferta de crédi-
to e os primeiros ensaios da recuperação econômica,
BONSnegócios
emaltas cilindradas
que estimularam um aumento significativo de lança-
mentos”, comenta o presidente da entidade, Marcos
Fermanian. A categoria Street (motocicleta de baixa ou
média cilindrada destinada ao uso urbano) perfaz mais
de 50% das vendas, seguida pela Trail (para uso misto),
com 21%; e pela Motoneta (motociclo de baixa cilindra-
da pilotado com o condutor na posição sentado e para
utilização em espaço urbano), cuja fatia é de 15%.
O sinal continuou verde no primeiro trimestre. Na
comparação com janeiro a março de 2018, a produção
foi superior a 276mil modelos e teve acréscimo de 6,6%.
Os emplacamentos tiveram alta de 17,9%, de acordo
com levantamento do Renavam, e as vendas diretas
cresceram 15,7%. O crédito, de fato, revelou-se um fa-
tor determinante para os bons resultados. O volume de
financiamentos aproximou-se dos R$ 120 bilhões em
2018. Somadas, as modalidades de CDC e leasing res-
ponderam por metade desse montante.
Paralelamente a essa demanda, empresas nova-
tas fortaleceram operações e acirraram a concorrên-
cia. A montadora JTZ, que compartilha estrutura com
a J.Toledo, representante da Suzuki, para a montagem
e distribuição das marcas chinesas Haojue e Kymco,
passou à terceira colocação no mercado nacional, atrás
apenas das japonesas Honda e Yamaha. O crescimen-
to também fez a austríaca KTM iniciar estudos para
uma operação própria no mercado nacional, voltada a
Mercado de motos retoma crescimento após sete anos
de queda e pode ser investimento potencial para o setor
Bigstock
máximo de proteção contra roubos, cuja incidência
ainda é alta”, adverte.
Apesar do alerta, o recado é evidente. Os resulta-
dos compensam. “O percentual de motocicletas nas
frotas das locadoras em São Paulo ainda beira 1%. É
um número que revela um vasto campo de oportuni-
dades. E a estrutura necessária para essa operação
pode ser um agregador de qualidade para o segmen-
to”, conclui.
n
modelos de alta cilindrada – os de
baixa são atualmente importados
do Brasil por meio da Dafra.
Mas especialistas apostam que
o grande empurrão para essa re-
tomada parte dos motociclistas
credenciados aos aplicativos de entrega de refeições.
De acordo com a Associação Brasileira de Bares e
Restaurantes (Abrasel), o aumento dos valores de pe-
didos por essas plataformas gira em torno de R$ 1
bilhão a cada mês.
De olho no setor
Esse cenário desperta otimismo até entre empre-
sários que já atuam no segmento. É o caso de Eladio
Paniagua, CEO da Point Rent a Car and Motorcycle,
que desde 2007 disponibiliza o aluguel de motocicle-
tas com foco corporativo, destinado especialmente
a hipermercados, shopping centers e indústrias com
galpões e grandes estruturas fabris, que exigem cons-
tantes deslocamentos dos colaboradores. Os contra-
tos têm duração media de 12 meses. “Só considerando
esse público, a demanda tem crescido 10% ao ano des-
de 2017”, revela. O resultado o faz projetar estender
o serviço para pessoas físicas e agregar motocicletas
elétricas à frota.
Hoje, a locadora mantém 400 modelos, que estão
rodando até em capitais do Norte e Nordeste, como
Belém e Recife. Além disso, conta com uma equipe
própria de profissionais para a realização das revisões
e manutenções periódicas. “O investimento em times
especializados como este é essencial para quem al-
meja ingressar na locação de motos, já que a frequên-
cia de revisões para motos a cada 1 mil quilômetros é
bem inferior aos 10 mil exigidos para os carros. Tam-
bém deve-se pensar em contratos que assegurem o
Com aumento de R$ 1 bilhão por
mês em transações, aplicativos de
entrega impulsionam a demanda
do mercado de motocicletas
DA QUEDA À ASCENSÃO
Após seis anos consecutivos com números em
baixa, setor de motos emplaca sucesso em 2018
ANO
UNIDADES
%ANO ANTERIOR
2012
1.637.393
-15,6
2013
1.515.571
-7,4
2014
1.429.692
-5,7
2015
1.273.047
-11,0
2016
899.793
-26,5
2017
851.013
-5,4
2018
940.108
+10,5
*2019
352.022
+16,8
* Dados relativos ao primeiro trimestre
de 2019 x mesmo período de 2018
* Fonte: Abraciclo
A FROTA CIRCULANTE
DE MOTOS EM
SÃO PAULO SUPERA
5,6
MILHÕES
21
%
DO TOTAL
NACIONAL
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